terça-feira, 8 de dezembro de 2015

IMPEDIMENTO: Você vai se posicionar?

ALINE COELHO

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deflagrou na quarta-feira passada (02) o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). O pedido aceito foi assinado por Hélio Bicudo (ex-petista), Miguel Reali Jr. (jurista) e Janaína Paschoal, professora de Direito da Universidade de São Paulo. Antes desse, 34 pedidos de afastamento da petista foram levados à Câmara. No cenário político nacional e pelas redes sociais, pessoas e grupos se posicionam sobre o assunto. Contudo, nas ruas, percebe-se a apatia popular. 

A estudante de Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Juliana Grou Silva, é contra o impeachment, mas ainda não se posicionou dessa forma nas redes sociais ou em conversas abertas, e nem pretende. “Eu não concordo com o impeachment porque as pessoas acham que o Brasil vai voltar a prosperar se a Dilma sair. Mas não é essa a solução para os nossos problemas políticos e econômicos. Só ela sair não vai mudar nada”, afirma a jovem.

"Não me posiciono para evitar conflitos, pois hoje em dia as pessoas não sabem se posicionar de forma respeitosa no mundo real ou no digital", diz Juliana
(Foto: Aline Coelho)
A falta de posicionamento público de Juliana acomete, também, governadores de Estado. Em matéria publicada nessa terça-feira (08), a Folha de São Paulo informou ter entrevistado os 27 governadores sobre o afastamento ou não da petista da Presidência. Desse total, 11 não declararam posição.

Mas grupos contra e a favor do processo de impeachment surgem a todo momento. Os que defendem o impeachment da presidente Dilma Rousseff anunciaram um protesto para o dia 13 de dezembro. O objetivo do ato é pressionar os deputados a darem prosseguimento no Congresso ao processo de afastamento da presidente.

Existem ainda páginas na internet que pedem a assinatura para legitimar por meio do apoio popular o impeachment, como a criada na Change.org, com a chamada “Pressionando os parlamentares: Aprovem o pedido de impeachment da presidente Dilma”, que reunia 1.380.091 apoiadores do impedimento a presidente na manhã dessa terça-feira (08), vinculada à página Movimento Parlamentar Pró-Impeachment, que apresenta os argumentos para a impedimento da presidente como as pedaladas nas contas públicas, o abuso de poder econômico, dinheiro ilícito na campanha e a crise de credibilidade.

Argumentos frágeis para Bruna Uliana, também acadêmica da UFMT. “Não dá pra defender o PT, mas não existem denúncias de corrupção ou crimes praticados pela presidente”. A jovem esclarece que votou em Dilma no 2º turno da última eleição por pura falta de opção, mas apesar de não ser “dilmista” ou petista, confia que o processo de afastamento da presidente não vai dar em nada.

"Se eu perceber que essa situação vai avançar, eu vou me posicionar, vou pra rua", afirma Bruna
(Foto: Aline Coelho)
Com a mesma opinião que Bruna, cerca de 30 juristas apresentaram à presidente Dilma Rousseff e durante coletiva na última segunda-feira (07) argumentos técnicos contestando a consistência e a legalidade do pedido de impeachment impetrado contra ela na Câmara dos Deputados. Em outra ação de apoio à presidente, um grupo de políticos, formado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o ex- governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, lançou também na última semana uma nova versão da Rede da Legalidade, contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No mesmo ato, o grupo lançou a página “Golpe nunca mais”, que recebeu 39.751 curtidas até a manhã dessa terça-feira (08). 

Literatura em Mato Grosso, em Mato Grosso?!

ARILDO LEAL

Homenagem ao poeta Adir Sodré
(Foto: Arildo Leal)
A literatura é, ao mesmo tempo, a memória do imaginário de uma determinada cultura que a projeta dos seus atuais sonhos mais íntimos para um futuro a ser construído, mas baseado em acúmulos passados – em sociedades já mortas. A diferença entre elas é vasta: leva-se em conta a cultura, as influências, a capacidade de renovação, bem como a preservação de certos valores clássicos em momentos específicos.  

Com a Literatura Brasileira produzida em Mato Grosso não é diferente: o seu desenvolvimento começa a tomar forma com a fundação de Academia de Letras Estadual (1932) por – dentre outros - Ulisses Cuiabano. A falta de informações, seja nas escolas, seja na grande mídia, é sentida facilmente. “Nós temos uma literatura muito boa, mas a própria faculdade de Letras não valoriza. Pensam que, por ser marginal, não possui qualidades”, declara Felipe Camargo, estudante do curso de Letras da UFMT.

Segundo a lei estadual nº 5.573 de 1990, deveria haver obrigatoriedade do ensino da disciplina de Literatura em Mato Grosso no segundo grau e da inclusão de sua temática na disciplina de Literatura Brasileira no primeiro grau, porém tal decreto não é executado nem no ensino superior.

“Sou de fora [Minas Gerais], e para ter contato sei que não poderei contar com aulas, o que é uma pena, pois deveria ser lembrada, principalmente os autores que estão surgindo – de modo a propagá-los”, relata Rebeca Zanon, estudante de Letras da UFMT.

Além da escassez de publicações nos jornais e da pouca presença nas rádios e TVs, dentro das Universidades somente na pós-graduação há um direcionamento para pesquisa em Literatura Regional. O que é um desperdício para um Estado que se propõe tão grande, a ponto de ter a capital do agronegócio, do Pantanal e até se candidatar para sediar eventos mundiais.

Instituto de Linguagens (IL), um lugar-chave na cultura regional
(Foto: Arildo Leal)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Epidermólise Bolhosa, uma vida debaixo dos panos

Ana Paula Santos
Jhenifer Heinrich

Não tem como evitar, como saber antes do bebê nascer e nem cura. Essas são algumas características da epidermólise bolhosa [EB]. É uma doença genética não contagiosa e muito rara. A falta de informação e conhecimento sobre a doença, principalmente pelos pais dos recém-nascidos, atormenta e causa a morte de muitos desses bebês. O tratamento é para aliviar a dor e tentar cicatrizar os machucados.

Mesmo com suas dificuldades, a epidermólise bolhosa é totalmente tratável. A EB é chamada também de doença da borboleta, porque os portadores da mesma possuem a pele muito sensível, como as asas das borboletas, além de ser totalmente coberta por bolhas que se tornam feridas. Dói para dormir, para tomar banho, para sentar, caminhar. Dói sempre.

A Tatiane é mãe do Vinícius de dez anos, portador da doença da borboleta. Vinícius nasceu em Rondonópolis, interior do estado. A mãe conta que, logo que nasceu, ele possuía uma pequena bolha em um dos punhos. Quando o bebê foi para casa, começaram a surgir mais bolhas pelo corpinho que mais pareciam queimaduras. Quando Vini, como é carinhosamente chamado pela família, mamava, ele tinha refluxo imediatamente, além de ter muita febre. Os médicos não conseguiram ajudar a família com o diagnóstico. Então foram para São Paulo, e souberam o que acontecia com o pequeno Vini. O diagnóstico foi dado à família cerca de um mês depois. Além disso, Vini passou por duas cirurgias no intestino, pois nasceu com o pâncreas abraçando o órgão. 


Tatiane conta que a vida não é fácil nem pra ela nem pro Vini, mas considera o nascimento dele um milagre. Além das cirurgias que enfrentou, convive com o corpinho cheio de feridas, mas afirma que leva uma vida normal. "Eu adoro jogar bola, e nunca deixei de fazer o que eu gosto por causa dos meus machucados". Vinícius tem tamanho e peso de criança de 10 anos. Além do mais, frequenta o ensino regular. Isso é uma vitória, pois, dependendo do tipo da doença, pode causar atrofia nas mãos e pés. 

Vida normal
Desde o maternal o pequeno frequentou escolinha. Na primeira escola, sofreu muito preconceito. Até pelo cuidado especial que Vinícius precisava, os pais então fizeram um abaixo assinado direcionado aos pais das outras crianças, que muitos não queriam o Vinícius convivendo com seus filhos. Preconceito real. Após isso, Vini foi estudar em uma escolinha evangélica e ficou lá até concluir o maternal. A mãe conta que o acolhimento da escola e os problemas sempre superados com pequenos e pacientes passos fizeram com que ela se convertesse à igreja, e diz que isso tem sido a base de todas as vitórias da família. Hoje, Vinícius estuda em uma escola também com base evangélica, que incita o amor ao próximo. A mãe diz que não podia ter acontecido algo melhor na vida dela e que se sente privilegiada em ter um filho como ele, em todos os sentidos. 

Falta de informação
No nosso Estado há somente dois casos registrados. As mães das duas crianças contam como sofreram assim que seus bebês nasceram com falta de informação e medo do que poderia vir e como a vida seria dali pra frente, como lidar com a enfermidade, por exemplo. 

SOS EB KIDS
Anna vive a vida com tudo que tem direito. Adaptou a casa e
o carro para conseguir sua independência.
Em Brasília existe a primeira assossiação do país, criada para ajudar e reunir casos de epidermólise bolhosa. A Anna Carolina Rocha (32) é portadora da doença, Assessora da entidade SOS EB Kids e relações públicas da APPEB (Associação de Parentes, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa Congênita), ela contou que o Vinícius é o primeiro caso com EB que eles tiveram contato aqui em MT e disse que felizmente a mãe (Tatiana) é muito interessada e dedicada ao tratamento. E completa que certamente não conhece outros casos aqui no Estado por falta de divulgação da doença e da associação, que poderia, óbvio, auxiliar essas pessoas. Anna é um exemplo de vida. Viaja muito, sorri muito, dá palestras sobre a maneira como supera as dificuldades da doença, mas lida com isso com maestria. É uma pessoa incrível e também a prova de que se pode viver normalmente sendo uma "borboleta". 

A SOS EB Kids identifica pessoas pelo país e arrecada remédios e os panos especiais que as crianças e adultos com a doença precisam usar para que os machucados doam menos e para que não fiquem tão expostos. 

A Doença
A pele humana é formada por duas camadas: a epiderme, camada externa, que representa um fator de proteção do corpo, e a derme, camada interna composta por vários tipos de tecidos que cumprem diferentes funções. Defeitos nas estruturas que unem essas duas camadas, ou na adesão entre as células da epiderme, podem acarretar lesões provocadas por um toque leve ou alterações climáticas. Saiba mais no site

Enfrentamento e Convívio
É importante que famílias que venham a enfrentar esta realidade saibam que a doença não impede que a criança leve vida praticamente normal e frequente escolas comuns da rede de ensino. Claro que os cuidados com os machucadinhos são necessários, mas nada impede de brincar, viajar, comer de tudo e ser feliz.

Conheça outro caso de epidermólise bolhosa de MT.

Regiões inteiras sem comunicação. Assim não pode, assim não dá.

Ana Paula Santos
Jhenifer Heinrich

Eram 10 horas da manhã, o sol já estava alto e da sala do escritório se ouvia a cidade em polvorosa. Imagine só, era segunda-feira! Banco pra fazer, e-mails para checar e ligações o esperavam desde a última tumultuada sexta-feira. A cidade estava novamente sem conexão com a internet, além de todos os telefones fixos estarem fora do ar. Assim não pode, assim não dá.

Pela segunda vez em menos de dez dias, Vila Rica, cidade localizada a 1.300 quilômetros da capital Cuiabá, fica sem sinal telefônico da operadora Oi e, consequentemente, sem conexão com a internet, já que é a única que disponibiliza esse serviço na região. Sistemas bancários, supermercados, farmácias, escritórios de contabilidade, pequenas e grandes empresas estavam ilhadas por mais de 24 horas seguidas. 

Moradores relatam que somente neste ano houve blecautes desses serviços por cinco vezes. Cinco vezes, e em nenhuma delas o serviço é restabelecido em menos de 12 horas. Isso somam 60 horas de isolamento, pois mais de 72% da população se comunica através da internet via computadores e celulares e 94% dos vilarriquenses que possuem algum aparelho celular são usuários da operadora Oi, 46% possuem chip da Tim e Claro e Vivo soma 14% de usuários. As quedas de sinal e reclamações não se restringem somente à Oi. Todas as operadoras deixam a desejar. Segundo Leonardo Borghesan, empresário no ramo de telecomunicações em Vila Rica, “não é de hoje que sofremos com a falta de estrutura da comunicação em nossa cidade e região. Muitas vezes, se Vila Rica tem sinal, Confresa ou Santa Terezinha, por exemplo, não têm. Nos dias em que ficamos sem sinal, o movimento na loja se intensifica de maneira irremediável, e não temos nada o que fazer. O número 10314 da Oi normalmente não informa a causa dos blecautes, e ficamos sem saber o que dizer aos clientes.”

No ano de 2014 as reclamações junto ao PROCON referente à telefonia fixa somam 1.306 e a telefonia celular, 1.192. Um aumento de 29,7% referente ao ano de 2013. Vimos a piora crescente dos serviços prestados junto à região Araguaia nos últimos meses. Lá praticamente para e fica incomunicável. Jean Annibal, 13, reclama que as operadoras Claro e Vivo nunca funcionam direito, “mas quando ficamos sem internet e sinal da Oi, é melhor que nada” comenta. A operadora Tim também não é muito bem quista na cidade, mas Jean afirma ser o único 3G que funciona consideravelmente bem.

Os moradores reclamam que não há aviso prévio da queda dos sinais. As reclamações têm sido constantes, pois a instabilidade no serviço de telefonia e internet é muito grande na região, e desde a última sexta-feira (30) a queda tem ocorrido diariamente com picos de acesso lento. Várias ligações de reclamações foram encaminhadas à operadora e o problema não foi solucionado. 


Para tentar inibir e resolver o problema, algumas operadoras disponibilizam espaços em seus sites para que os usuários possam informar os problemas que ocorrem e a frequência.




Ironizando a situação, alguns usuários ilustram em piadas o problema com o sinal.