JOYCY AMBROSIO RAFAEL CANCIAN As mulheres foram protagonistas em diversas lutas, inclusive
para ter o direito de ir à luta. Movimentos socialistas, anarquistas,
sufragistas e feministas formaram vozes constantes no meio político e
intelectual.
A urgência que o feminismo busca é conquistar o acesso a
direitos iguais entre homens e mulheres desde o século XIX.
Nos últimos anos, tendo a internet como ferramenta
indispensável de referência, as mulheres dão voz ao feminismo, levando o
movimento para as "irmãs" e, com isso, traz para discussão a inclusão
da mulher em todos os âmbitos sociais.
O campo universitário como ambiente de conhecimento e troca
de experiência ajuda no debate, formação e informação ao assunto.
No curso de Comunicação Social da UFMT foi criado o
"Coletivo Feminista da COS", com a intenção de discutir e fortalecer
o movimento feminino no audiovisual o coletivo está demonstrando ir mais além.
Maria Clara, estudante de Jornalismo, falou um pouco
sobre o grupo:
Centro Acadêmico cria uma ouvidoria para receber as demandas
ALLAN PEREIRA
CAMILLA ZENI
A falta de estrutura de uma universidade é um dos agravantes para a formação mais deficiente do profissional e/ou pesquisador. O acesso à internet, por exemplo, facilita muito a vida dos estudantes, que recorrem à ferramenta para auxílio em pesquisas e trabalhos acadêmicos. No entanto, para os alunos da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA), que ainda funciona nas dependências do Instituto de Linguagens (IL), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tentar usar o laboratório de informática do bloco tem se tornado um transtorno.
O estudante do 5º semestre de Publicidade e Propaganda, Nathan Roberto Silva e Souza, reclama da falta de regularidade no funcionamento do laboratório, que, conforme placa afixada na própria porta da sala, deveria estar aberto no período correspondente às aulas dos cursos diurnos (7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30), ou seja, já não contemplando os estudantes noturnos.
Nathan Roberto, estudante de publicidade da UFMT. (Foto: Allan Pereira)
“Eu moro em Várzea Grande e, no momento, não possuo um computador próprio. Então, a minha opção é usar o laboratório de informática aqui da universidade, mas quando ele não está aberto, eu fico sem ter o que fazer”, conta Nathan. Segundo o aluno, ele já chegou a pedir emprestado o notebook de parentes, mas, com o pertences de terceiros, a atenção tem que ser redobrada. “Quando trazemos o notebook, corremos o risco de ser assaltados, porque a segurança na UFMT não é muito eficaz”.
Outro problema que lidera o ranking das principais reclamações dos alunos é o serviço prestado pelas empresas de xérox no bloco. Conforme a estudante Ana Luísa Melo Ferreira, do 4º semestre de Jornalismo, o IL possui apenas uma xérox, que é conveniada à UFMT, a Doc Center. No entanto, a empresa não oferece o suporte necessário para as demandas dos alunos. “Lá não se acessa a internet e não tem computador para imprimir direto do pen drive, ou seja, é simplesmente pra tirar xérox”, reclama.
Segundo ela, os alunos precisam recorrer à copiadora do bloco vizinho, o Instituto de Educação. “O maior problema da outra empresa é que não funciona em um horário normal. Eles abrem quando querem”, critica. Ana Luísa explica que ela, assim como muitos colegas, não possui impressora em casa, então deixa para imprimir os trabalhos na Universidade. “A gente vem pra cá pra imprimir e aí não consegue, porque está sempre fechado. Aí tem que procurar uma empresa em outro bloco e pagar o triplo do valor”.
Aline Teixeira fala da falta estrutura do bloco.
Foto: Allan Pereira
Já para a Aline Teixeira, graduanda do 5º semestre Publicidade e Propaganda, as críticas são referentes à falta de salas de estudo no bloco. Embora o IL disponibilize, ao longo dos três andares, diversas mesas pelos corredores, o bloco não possui um espaço próprio. Além disso, devido ao grande número de alunos que circulam pelo local, que abriga três cursos de graduação, estudar nos corredores se torna uma dificuldade.
“A gente precisa de um espaço e não consegue estudar, às vezes porque não tem cadeira na mesa ou elas já estão todas ocupadas. Em outros casos, as pessoas estão conversando alto, e eu entendo que elas estão no direito delas, mas eu também estou no meu direito de estudar. Como é que a gente fica? Então ali se torna um espaço que não é apropriado”, critica Aline.
Ao circular pelo bloco, não é difícil encontrar outros alunos reclamando de problemas estruturais e logísticos. No entanto, é preciso que as reclamações cheguem aos setores responsáveis.
Com o propósito de ajudar os estudantes com as demandas, o Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacos) criou, em sua página do Facebook, uma ouvidoria do curso, a OuveCacos. Al os alunos podem mandar, através de uma ficha online, reclamações, sugestões e críticas.
A secretária-geral do Centro Acadêmico, Fiama Bamberg, explica mais sobre o serviço no vídeo abaixo.
O professor Javier Eduardo López Dias, chefe do Departamento de Comunicação Social, reconhece que o Instituto carece de uma estrutura mais autônoma. “No IL, não temos espaço para nada, nem sequer para nós. Quando terminar esse prédio aqui do lado, aí teremos alguma possibilidade de ter outros espaços”, relata.
Ele conta que os problemas de ordem acadêmica são vistos com os coordenadores de graduação de cada habilitação. Mas se as reclamações forem referentes à estrutura e ao espaço físico do bloco, é a chefia de departamento que recebe tal demanda. “Dependendo do problema, às vezes só a prefeitura consegue resolver ou a Proplan (Pró-Reitoria de Planejamento) e a Proad (Pró-Reitoria Administrativa). Assim que ficamos sabendo do que está acontecendo, tentamos ver se somos capazes de resolver. Se não, vai para essas instâncias administrativas”, explica.
Participar de eventos acadêmicos é muito importante para a formação dos estudantes, porém, nem sempre é fácil marcar presença. Muitos alunos não possuem condições financeiras para se deslocarem até as cidades onde acontecem os eventos, e acabam desistindo de apresentar seus trabalhos. O que muitos ainda não sabem é que é possível requisitar um dos ônibus da frota da UFMT para fazer o transporte dos estudantes. Para se candidatar, é preciso montar um processo, endereçado à Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Prae), especificando o evento, o local, a data e quantos alunos irão participar.
(Foto: Bárbara Muller)
O requerimento pode ser feito por professores, pelo Departamento de qualquer curso ou mesmo por alunos. É necessário que a lista de alunos seja proporcional ao tamanho do veículo requisitado. Para que a viagem seja autorizada, é preciso que cerca de 65% dos assentos estejam ocupados.
Apesar do processo ser endereçado à Prae, ela não é o órgão responsável pela seleção das turmas a serem atendidas. Segundo Juliano Arruda Tsutsumi, assistente de gabinete da Prae, quem faz essa seleção é a Prefeitura do Campus, que observa alguns aspectos, como disponibilidade dos ônibus e distância até o local do evento. Ele ressalta que quem tem a prioridade em utilizar a frota são as turmas com aula de campo previamente marcadas.
Ainda não existe uma resolução específica para a concessão de ônibus para eventos acadêmicos, e isso pode ser um problema. Segundo ele, a seleção feita somente pela Gerencia de Transportes da Prefeitura do Campus não leva em conta relevância acadêmica dos eventos ou quais estudantes têm interesse de participar. Dessa forma, a distribuição pode ser desigual, com alguns cursos conseguindo o transporte requisitado frequentemente, enquanto outros, não. A falta de divulgação desse recurso também prejudica os estudantes.
Quando a resposta é negativa, ou seja, o veículo não é liberado, os estudantes ainda podem recorrer ao auxílio-evento individual, esse, sim, oferecido pela Prae. Esse programa dá uma bolsa no valor da passagem terrestre de ida e volta para os selecionados custearem parte de sua participação. Tanto o auxílio quanto a requisição de transporte devem ser feitos com antecedência, respeitando os prazos estipulados no calendário acadêmico. No caso dos transportes, a demora do parecer pode desestimular os alunos ou fazer com que eles procurem outras forma de se locomover até o local. Já o auxílio-evento também pode demorar para ser repassado, de modo que é prudente que os estudantes não contem com o dinheiro para cobrir os custos antecipadamente. A estudante de Jornalismo, Jaqueline Braz, conta, no vídeo abaixo, como foi iniciar o processo de requerimento de um ônibus para levar alunos de Comunicação Social ao congresso Intercom Centro-Oeste, que este ano será realizado em Goiânia-GO, no mês de maio.
Os interessados devem ficar atentos ao calendário acadêmico. O período de requerimento inicia junto com o prazo de candidatura para os auxílios estudantis.
O Trabalho de Conclusão de Curso é um
ferramenta didático-pedagógica que torna o estudante um produtor
de conteúdo
DEODATO RAFAEL
DEMETRINHO ARRUDA
O
Trabalho de Conclusão de Curso, o TCC, que causa grande medo na maioria dos
estudantes de graduação, é uma forma de avaliação da instituição para se
certificar se o estudante possui os requisitos básicos para se formar. Este
trabalho pode ser de suas naturezas: Projeto Experimental, com memorial
teórico/descritivo sobre a elaboração de um produto, podendo ser realizado de
modo individual ou em grupo; ou Monografia, um trabalho resultado de uma
pesquisa sobre um determinado objeto e embasado cientificamente. Neste caso, deve ser feita individualmente.
Este
gênero de trabalho, para ser de natureza científica, deve contemplar os
requisitos da área e os rigores metodológicos para ser caracterizado como tal.
Segundo o professor Antônio Carlos Gil, da Universidade Municipal de São
Caetano do Sul, o conhecimento para ser científico deve possuir operações
mentais e técnicas que tornam possíveis a sua verificação. O professor define
método como: “um caminho para se chegar a determinado fim. E método científico
como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se
atingir o conhecimento”.
O
TCC é fruto de um projeto que é tutelado por um professor orientador. Caso o
estudante seja reprovado, ele não poderá pegar o seu diploma de conclusão do
curso. Por isso, este trabalho é fundamental na vida do estudante. No curso de Radialismo, o projeto
primeiramente passa por uma avaliação do Colegiado de Curso e, se aprovado,
vai para a banca examinadora, de acordo com Alessandro Flaviano de Souza, coordenador
do curso na Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT):
Nathália Okde (foto: Deodato Rafael)
Este processo, para os estudantes
que estão no início da graduação, pode causar algumas confusões, mas em geral
todos eles já têm uma ideia do que seja este trabalho, como podemos perceber
nas palavras da caloura do curso de Jornalismo da FCA, Nathalia Okde: “Trabalho de Conclusão de Curso é uma pesquisa que você faz em cima das
coisas que você aprendeu durante o curso, acho que é isso”.
Os estudantes veteranos da universidade
já possuem uma ideia mais sólida sobre o que é um TCC e de que modo pretendem
desenvolver o trabalho. Os que deixam para a última hora, acabam tendo mais
dificuldade para desenvolver o seu projeto. O estudante de Publicidade, Carlos
Oliveira, está no 5º semestre e já está pensando no que irá fazer no seu Trabalho
de Conclusão de Curso. A sua intenção é trabalhar com
monografia. “Não vou trabalhar com produto. Já tenho mais ou menos em mente, vou
trabalhar na com a temática de Comunicação e Política”.
Matheus
Ordakowski, estudante de Publicidade está no oitavo semestre e em processo de
conclusão do TCC. Ele nos fala sobre sua pesquisa e quais são as suas
motivações para a elaboração do projeto:
A
importância deste trabalho não é apenas fazer o estudante concluir o curso,
mas por ser uma ferramenta de cunho didático-pedagógico. Ela proporciona
ao estudante a oportunidade singular de descobrir a ciência e se relacionar com
ela, dominando-a progressivamente, utilizando seus diversos métodos e técnicas.
Deste modo, o estudante se envolve de forma mais densa com o conhecimento
científico, se tornando inovador e produtor de conteúdo, e não um mero receptor.
Manifestações, caravanas, torcidas e discussões é o
que mais vimos e ouvimos nos últimos meses no Brasil. Tudo por conta da crise
política e econômica que se instalou no país e se tornou a única e exclusiva
pauta do Congresso Nacional, culminando na instalação do processo de
impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), e acompanhado de perto pela imprensa e pelo povo brasileiro.
Seja na internet, em casa ou na roda de amigos, o tema é sempre o mesmo: você é favor ou contra o impeachment?
A Federação da Agricultura e Pecuária de MatoGrosso (Famato) e outras entidades do setor do agronegócio no Estado partem
neste fim de semana em caravana para pressionar os parlamentares a votarem favoravelmente ao impeachment. Já a caravana da
Frente Brasil Popular de Mato Grosso também parte para a capital federal, só
que contra o impedimento da presidente. Os dois movimentos já realizaram
diversas manifestações no Estado nos últimos meses, desde quando foi instalada a "comissão do impeachment" para analisar a denúncia contra a chefe do Estado
brasileiro.
Para o estudante do segundo semestre de História,
Daniel Sebba, ele não vê o processo de impeachment como um golpe, mas também
não acredita que o vice-presidente Michel Temer seja a solução e que se trata apenas de compromissos políticos, sem vantagens para a população. Portanto, é
contra o impeachment.
Gabriela Garcia tem 20 anos e é estudante de História na UFMT
(Foto: Pablo Rodrigo)
Já a estudante Gabriela Garcia, do 3º semestre
de História, é favorável ao processo de impeachment principalmente pelos
fatores econômicos, que fizeram com que o país entrasse em crise, e a desestrutura
do atual governo. Defende uma mudança geral e que a democracia aqui instalada que foi capaz
de eleger a presidente também tem a legitimidade de tirá-la do poder.
Os 65 deputados federais que compunham a "Comissão Especial do Impeachment" participaram da votação na última segunda-feira (11), quando 38 votaram
favoráveis pela admissibilidade da denúncia contra a presidente e 27,
contrários. Independente do resultado da Comissão, a votação iria a plenário para a escolha, em dois turnos, dos 513 deputados federais.
A bancada federal mato-grossense conta com oito deputados federais que
participarão da votação, sendo que, atualmente, cinco se manifestaram favoráveis ao impeachment e três, contra. Os deputados federais contrários ao
impeachment são Ságuas Moraes (PT), Valtenir Pereira e Carlos Bezerra (ambos do
PMDB). Os que vão votar a favor são Nilson Leitão (PSDB), Adilton Sachetti
(PSB), Fábio Garcia (PSB), José Augusto Curvo, o “Tampinha” (PSD) e Victório
Galli (PSC).
Caso o impeachment seja aprovado na Câmara, o processo vai ao Senado Federal. Lá, vota-se um parecer, indicando se o processo segue para o plenário ou é arquivado. Se a maioria simples (41 votos) optar pelo seguimento, a presidente é afastada por 180 dias. O processo, então, vai a plenário e precisa da aprovação de 2/3 da casa. Menos que isso, a presidente volta ao cargo imediatamente.
Há tempos, as reportagens jornalísticas servem como embasamento para
iniciar inquéritos e investigações, colaborando com a cidadania e a defesa dos
direitos dos cidadãos. Informar, lutar pela liberdade de expressão e denunciar
são alguns dos deveres da profissão, previstos no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, atualizado pela Federação Nacional dos
Jornalistas (Fenaj) em 2007.
Em 2015, o site de notícias MidiaNews produziu uma reportagem
especial abordando a intolerância religiosa existente no Estado. Na matéria Crimes motivados por intolerância assustam religiosos em Mato Grosso, foram denunciados
dois atentados, que aconteceram em menos de uma semana, contra centros
espíritas, sendo um de práticas umbandistas. Os dois templos religiosos, um
localizado em Cuiabá e o outro em Rondonópolis (212 km ao sul da capital) foram
incendiados por vândalos.
Após a reportagem, veiculada no domingo, 9 de agosto, se passaram
apenas quatro dias até que o Governo do Estado, na quinta-feira (13), por meio
da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), efetivasse a criação de um
setor específico para combater esses crimes, conforme reportagem do MídiaNews.
Prof. Ms. José da Costa Marques Filho fala sobre o caráter
social do jornalismo
(Foto: Camilla Zeni)
Para o José da Costa Marques Filho, professor e coordenador do curso de
Jornalismo da Universidade Federal de Mato
Grosso, esse é o caráter social da profissão de jornalista. “Além da parte
técnica, na faculdade, há uma preocupação com a formação cidadã e política do
aluno de Jornalismo. Exatamente para que ele tenha uma compreensão do seu papel
social e político na sociedade, incluindo a defesa de direitos de minorias, das
liberdades fundamentais do cidadão, que são direitos assegurados, inclusive previstos na
Constituição. Isso deve nortear sempre a atividade do profissional de
Jornalismo”, afirma.
Na Constituição Federal também é estabelecida como direito do cidadão a
liberdade de expressão, mas atitudes agressivas e palavras ofensivas não se
enquadram, e são classificadas como crimes inafiançáveis e imprescritíveis. Ainda
assim, ataques que assumem caráter de intolerância - especialmente de caráter religioso - eram vistos de maneira equivocada e sem importância.
O secretário da Sesp à época, Mauro Zaque, se manifestou contrário aos
crimes cometidos e repudiou os atos de vandalismo. “Não iremos tolerar esse tipo de
ação. Somos um povo livre, não aceitaremos nenhum tipo de discriminação
religiosa”, afirmou.
No caso
do incêndio na Casa Espírita Virgem Imaculada Conceição, de Cuiabá, o Boletim
de Ocorrência fora registrado como “furto”. Depois, com a criação do setor
especializado, Mauro Zaque disse que as investigações passariam a ser
realizadas com mais critérios e de maneira mais rigorosa.
Vinícius Lemos, jornalista do
site MídiaNews
(Foto: Camilla Zeni)
O
jornalista Vinícius Lemos, autor das reportagens do site, afirma que redigir a
segunda notícia foi satisfatório. “Fiquei muito satisfeito em ver que uma providência
foi tomada rapidamente”, disse. “É muito importante para o jornalismo utilizar
esse poder que ele tem, essa voz ativa, para promover o bem-estar da sociedade,
para resolver questões que precisam ser sanadas”.
Para o
coordenador de curso, cabe à imprensa apurar a fundo todas as questões. “Se de
um lado poderia ser um simples furto de bens materiais, do outro deveríamos
considerar as questões de intolerância, sim, já que se tem percebido um aumento
desse crime em todo o mundo, principalmente no Brasil, e mais evidente ainda
relacionado às religiões africanas. Denunciar e fiscalizar para que as
autoridades tomem providências é uma forma de evitar que a situação não tome
uma dimensão muito maior e mais preocupante”, finaliza.
O
longo debate sobre a regulação da imprensa divide opiniões e cadeiras no
parlamento, mas especialistas afirmam a sua importância
DEODATO RAFAEL
Há
muitos anos o debate sobre a regulação dos meios de comunicação é pauta da
política, da sociedade e de algumas classes em especial. O debate se tornou
ainda mais acalorado nos últimos anos, após a 1º Conferência Nacional de Comunicação, em 2009, convocada pelo Governo Federal. Na nossa
atual conjuntura midiática, os meios de comunicação se fazem presentes de forma
muito mais incisiva na vida de cada cidadão e da sociedade em geral. Por isso,
o debate sobre a regulamentação se mostra atual.
Em
reportagem da Carta Capital, os jornalistas Pedro Ekman e Bia Barbosa mostram que com a crescente expansão e influência dos meios de comunicação de
massa sobre a sociedade “aumenta a necessidade de o Estado regular esse poder.
Não para definir o que as emissoras podem ou não podem dizer, mas para garantir
condições mínimas de operação do serviço de forma a manter o interesse público,
e não o lucro das empresas, em primeiro lugar”. Além
disso, os jornalistas mostram como alguns artigos da Constituição Federal, especificamente do Capítulo 5, que trata da Comunicação
Social (art. 220 a 224), são infringidos na atual conjuntura das mídias no
Brasil.
Por
exemplo, o artigo 220 menciona que “os meios de comunicação social não podem,
direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”, mas isso
acontece. Segundo os jornalistas, uma única emissora controla cerca de 70% do
mercado da TV aberta no Brasil. Outro problema é que, pela Constituição (art.
54), nenhum deputado ou senador pode ser dono de alguma concessionária de
serviço público. Mas existem alguns políticos que estão no exercício do
mandato e também são donos de empresas deste gênero, como os senadores Fernando
Collor, Edison Lobão, e Agripino Maia.
Diversas
entidades se mobilizam e promovem eventos pela regulamentação. Uma delas é o
Fórum Nacional pela Democracia da Comunicação (FNDC), que reúne entidades e
pessoas interessadas em enfrentar esse problema no país. A FNDC surgiu em
1991 como um movimento social e se transformou em entidade há duas décadas. Ela atua
planejando, mobilizando, formando projetos e implementações de medidas legais
para promover a democracia na comunicação.
Nas
últimas eleições, a candidata, hoje atual Presidente Dilma Rousseff, afirmou
enfrentar em seu mandato o debate sobre a regulação dos meios de comunicação. De
certo modo, o primeiro passo foi dado em no ano seguinte, ao ter tomado posse pela
segunda vez e ter nomeado Ricardo Berzoini para assumir o Ministério das Comunicações.
Ao tomar posse, Berzoini declarou retomar o debate sobre a regulamentação dos
meios de comunicação. Mas, desde lá, não houve muitos avanços.
A
regulamentação da atividade de imprensa mexe diretamente com as bases do
jornalismo, pensado enquanto prática social que surge em prol da
democracia e da horizontalização da informação.
Eduardo Mafra
(Foto: Deodato Rafael)
Para Carlos Eduardo Mafra, estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o problema é que muitas
coisa que dizem respeito ao jornalismo não saem do papel. Segundo o graduando, “temos
que levar em conta que a principal função do jornalismo é a de informar. Jornalismo é informação, e a população tem esse direito, apesar dele não se
cumprir.”
O jornalismo serve para que todos os cidadãos possam saber o que está acontecendo
com o mundo e com o país em que vive, saber o que o seu Estado faz, o que ele
deve ou pode cobrar deste. Ele é a base da democracia, é por onde passam as
coisas que o Estado quer esconder. Ou seja, o jornalismo possibilita o acesso a informações que são base para a construção de uma consciência cidadã e para a
constante manutenção do Estado, segundo Paulo da Rocha Dias, da Faculdade de Comunicação e Artes da UFMT. Por
isso, a urgência deste processo, pois a sua
regulação está intimamente relacionada à formação da sociedade e do Estado.
Segundo
o professor e pesquisador Gil Baptista, professor da Escola Superior de Educação
do Instituto Politécnico de Coimbra, “o jornalismo é de extrema importância
para identificar a existência de ideias ou posições políticas importantes não
representadas nas análises de peritos ou no mero debate público. No decurso
deste papel, cabe aos jornalistas traduzirem a linguagem dos peritos em termos
acessíveis à sua apreciação pelas massas no espaço público.” Se este papel for
cumprido, segundo o pesquisador, o jornalismo cumpre a sua função de alimentar o
espírito crítico e de vigilante do cidadão, fundamental na construção de uma
democracia.
Paulo da Rocha Dias
(Foto: arquivo pessoal)
No
debate político, as cadeiras ficam dividas: uma ala defende a regulamentação
dos meios de comunicação, com ela haveria uma democratização da informação, e a consolidação da liberdade de imprensa, como aborda o artigo 220 da constituição
Federal; outra ala acredita que a intervenção regulatória do Estado iria
censurar a imprensa.
Regular não é censurar, como coloca Paulo da Rocha Dias. “Regulamentar é por limites, mostrar até onde
esses meios podem atuar. Para não haver mentiras ou outras ilegalidades e para
não saírem impunes de qualquer ilegalidade, assim como acontece nos EUA”.
Por
isso, a importância da regulação dos meios de comunicação. Com ele haveria uma
maior fiscalização e penalização, caso algum veículo burlasse alguma lei ou ferisse
algum artigo da Constituição. Deste modo, a integridade de pessoas públicas e instituições
estaria resguardada, se um veículo fizesse uma falsa denúncia, e o acesso à informação seria mais horizontal, já que os monopólios teriam que ser
diluídos e a mídia independente teria que ser incentivada, como doutrinam os nossos dispositivos constitucionais.
Cerca
de 200 jornalistas, publicitários, radialistas e fotógrafos que atuam em Mato
Grosso lançaram o “Manifesto Pela Democracia”. O documento é contrário ao impeachment proposto para derrubar a
presidente da República Dilma Rousseff.
No
documento, que está sendo divulgado nas redes sociais e será entregue ao
coordenador da bancada federal mato-grossense no Congresso Nacional, deputado
federal Fábio Garcia (PSB), aponta para uma reflexão profunda acerca do momento político
nacional que “pode levar o Brasil à quebra da ordem constitucional”, diz um dos
trechos da carta.
Outra
preocupação dos profissionais da Comunicação é que tal movimento pela derrubada
da presidente Dilma poderá colocar em xeque as garantias constitucionais
previstas em um Estado de Direito, bem como das liberdades de expressão e de
imprensa.
Para
a professora de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Janaína
Pedrotti, o manifesto serve para que a população possa refletir sobre o rumo
que a política brasileira está tomando. “Se assistirmos às sessões das Câmaras
dos Deputados, temos a nítida impressão de que o rumo da nossa política virou
torcida de futebol. Ninguém mais discute leis, projetos, apenas manifestações de
torcidas. E isso não é sério. Então entendemos que o jornalismo tem o papel de levar
a população a refletir. E isso não vem ocorrendo na grande imprensa nacional”,
explicou Janaína, que assinou o manifesto.
Janaina Pedrotti, docente do curso de Comunicação Social da UFMT (Foto: Reprodução)
A
professora também aponta que o risco à democracia é visível e já vem ocorrendo
diante da conjuntura atual. “Em um estado democrático de direito, existem
direitos básicos e constitucionais que não estão sendo respeitados. Se analisarmos a condução coercitiva de vários investigados, sem ao menos convoca-lo
para prestar esclarecimentos, já é algo grave. Se um ex-presidente da Republica
sofre isso, o que poderão fazer com uma pessoa qualquer? Então as coisas estão acontecendo
de uma maneira assustadora. E quando os direitos constitucionais são
desrespeitados, tudo pode acontecer”, analisou.
Por
outro lado, alguns profissionais da comunicação decidiram não assinar o
manifesto. A jornalista Laíse Lucatelli explicou que não aderiu ao movimento
por não concordar com a redação do documento, mas afirmou que é contra o
impeachment. “Sou
contra o impeachment que está aí. Isso não resolveria nada, além de que está
sendo conduzido de maneira errônea. Mas também não concordo com o teor do
manifesto que vários amigos assinaram. Respeito todos que assinaram, mas me
pareceu muito próximo do discurso do governo e do partido da presidente. Talvez
se a redação fosse menos politizada, assinaria”, disse Lucatelli que
atua há seis anos no jornalismo político. O
movimento que aglutinou vários profissionais da comunicação vem recebendo
apoio de várias pessoas que também já solicitaram assinar o manifesto.
Posicionamentos como este em Mato Grosso vêm se tornando comum no Brasil. Os Jornalistas Livres, Barão de ItararéeMída Ninja já atuam em várias frentes, desde as manifestações junho de 2013,
que ocorreu em várias cidades do país.
Recentemente
a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou uma nota contra o processo de impeachment, acusando
o movimento de "golpe" e que poderia trazer de volta o estado de exceção, como em
1964, quando foi instaurada a ditadura militar no Brasil. Já a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) não se posicionou sobre o assunto e vem sofrendo várias críticas de muitos jornalistas.
Confira na íntegra o
manifesto dos comunicadores de Mato Grosso:
MANIFESTO PELA DEMOCRACIA
Nós, profissionais de comunicação de Mato Grosso, abaixo assinados, vimos a público manifestar repúdio às tentativas em curso de um golpe midiático, judicial e parlamentar. Entendemos que a defesa intransigente de um impeachment da presidente da República, sem profunda reflexão e cuidado, pode levar o Brasil à quebra da ordem constitucional. Não estamos em defesa de partido A ou B, e sim da democracia, das garantias constitucionais previstas em um Estado de Direito, bem como das liberdades de expressão e de imprensa.
Essas prerrogativas são caras para a nossa profissão. Não aceitaremos que o Brasil vivencie novamente o que ocorreu em 1º de abril de 1964, com a derrubada do então presidente da República, João Goulart, e o estabelecimento de 21 anos de uma ditadura militar que censurou, prendeu, torturou e assassinou quem se insurgia contra o regime de exceção, muitos deles nossos colegas.
Repudiamos as manobras do judiciário, em que magistrados acionam dispositivos ilegais, com foco no escândalo, que causam acirramento de ânimos da população, para gerar convulsão social.
Repudiamos a linha editorial escusa e desonesta de grandes veículos que – tripudiando do importante papel de formação da opinião dos brasileiros, utilizando de concessões públicas irregularmente, usufruindo do problemático mito da imparcialidade no jornalismo e incitando o ódio e a violação dos direitos humanos – tem conduzido a indignação popular seletiva, na ânsia de derrotar o partido do governo.
Para completar o quadro, o Congresso Nacional vem conduzindo, a toque de caixa, o processo de impeachment contra a presidente da República, sem base legal, apesar de muitos parlamentares responderem, na condição de réus, por crimes de corrupção.
Enquanto comunicadores, não podemos aceitar em silêncio tal fato.
Defendemos, sim, a punição de responsáveis por corrupção em qualquer esfera, bem como a utilização da prerrogativa do impeachment - um dispositivo constitucional e legítimo, que protege o povo de ilegalidades de gestão. No entanto, não podemos nos silenciar diante do quadro atual em que, vale repetir, setores da Mídia, do Judiciário e do Parlamento conduzem suas ações, nos envolvendo em clima similar aos pré golpes de Estado ocorridos em outros países da América Latina, como Paraguai e Honduras.
Exigimos, portanto, a transparência na condução dos três poderes, a fim de que cumpram suas competências legais.
Ainda que o profissional de comunicação não possa ser confundido com a empresa onde trabalha (embora algumas delas não permitam que manifestem sua posição pessoal em casos como esse), convidamos a exercer sua atividade com foco no papel social que desenvolve, considerando que a manipulação da informação no cenário atual tem contribuído para a perda da credibilidade de parte das empresas de comunicação e também para o desrespeito à profissão.
Propomos a valorização da informação jornalística, o amplo debate público sobre o papel do Judiciário e dos poderes constituídos, bem como dos meios de comunicação, das instituições e dos movimentos sociais na construção do futuro do país e de seu povo.
Para fortalecer a democracia brasileira, é preciso dar um basta às ações e movimentos autoritários de quem quer que seja. É preciso bradar! Que não aceitemos mais nenhum golpe.
A
palavra “impeachment” tem sido uma das mais faladas nas mídias atuais. O
processo iniciou-se em dezembro de 2015 e pede a retirada da presidente Dilma Rousseff
do poder, alegando crime de responsabilidade. As
acusações versam sobre desrespeito àlei orçamentáriaeimprobidade administrativapor parte da presidente, além de lançarem suspeitas de
envolvimento em atos decorrupçãonaPetrobras, que têm sido objeto de investigação pelaPolícia Federal, no
âmbito daOperação Lava Jato.
Esse tema tem sido motivo de manifestações em todo Brasil, por grande parte da
população, e com apoio da oposição partidária ao PT.
De
acordo com Paulo da Rocha Dias, docente do Departamento de Comunicação da UFMT, “todo conteúdo pró-impeachment tem sido veiculado pela
grande imprensa brasileira, que é controlada pela elite da comunicação no Brasil. Empresas como a TV Globo, Veja, Isto É, Estadão, Folha de S. Paulo e o jornal O
Globo são 100% favoráveis e arquitetas desse grande golpe”. Além disso, Paulo ainda afirma que “as transmissões das manifestações é um grande carnaval, com links ao vivo mostrando das sete da manhã
até a meia-noite uma cobertura completa do que está acontecendo”.
Já Flávio Prates, também professor no curso de Comunicação, diz ter uma
visão pragmática do impeachment, e não ideológica. “Historicamente, o
meu olhar sobre política não é ideológico, eu não participo de partidos políticos.
Ao longo da minha vida eu votei em vários partidos, votei várias vezes no PT, votei
no PSDB também, PMDB e em outros”. Flávio diz que hoje “estamos apenas em uma discussão
ideológica, propaganda ideológica, uma confusão para se manter ainda mais no
poder”. Prates ainda afirma que “o que me deixa mais convicto são as atitudes que vieram à luz por meio dessa imprensa, dita como vendida, como, por exemplo, as gravações liberadas
pelo juiz Sergio Moro. Nelas podemos perceber uma série de atitudes para
blindar o ex-presidente Lula, bloquear a justiça. As gravações são uma forma
clara de provar isso, é a voz da pessoa ali. Só não enxerga isso quem não quer,
apenas quem a ideologia não deixa. Existem órgão de imprensa
posicionados, porém é necessário ler as duas partes e não olhar isso com tanta
paixão ou ideologia”.
Defender e garantir os direitos dos cidadãos. Opor-se à opressão ou qualquer forma de autoritarismo, seja político ou social. Combater as formas de corrupção. Essas são algumas das condutas que dão referência aos profissionais da imprensa e que também estão presentes no Código de Ética do Jornalistas Brasileiros. É com base nesse cenário que a Procuradoria-Geral do Ministério Público do Trabalho promove a 3ª edição do Prêmio MPT de Jornalismo, que está com as suas inscrições abertas desde o início deste ano.
O objetivo é valorizar a produção de trabalhos jornalísticos que denunciem casos de irregularidades e injustiças cometidas contra os trabalhadores. Em dois anos de edição, o Prêmio recebeu aproximadamente mil inscrições e já premiou 67 trabalhos.
Para a professora Janaína Pedrotti, da Faculdade de Comunicação e Arte (FCA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o jornalismo tem uma função social que é fundamental na democracia brasileira. “Ao tornar pública a realidade brasileira, o jornalismo colabora para que os desvios sociais sejam corrigidos. Acho que [o prêmio] tem a importância de valorizar os veículos e os profissionais que produzem matérias nesse viés. Reconhecer, por exemplo, o problema social que é o trabalho escravo. É medieval e ainda prevalece nos dias de hoje”, esclarece.
Mariane Xavier está no 5º semestre do curso de Comunicação
Social, com habilitação em Jornalismo da UFMT (Foto: Allan Pereira)
Já a estudante Mariane Xavier Duarte ficou bastante interessada na premiação, após ler o cartaz de divulgação em um dos murais dos corredores do Instituto de Linguagens. “Acho interessante participar de premiações como essa porque auxilia na formação do aluno. Inclusive, a competitividade contribui para que o estudante invista mais na carreira e investigue também, que é uma das características do jornalismo”, diz.
No total, serão distribuídos quase R$ 400 mil para os vencedores em duas fases da premiação – regional e local – em até oito categorias. São elas: jornal impresso, revista impressa, radiojornalismo, telejornalismo, webjornalismo, fotojornalismo, universitário e repórter cinematográfico. Além desses, há dois prêmios especiais de R$45 mil cada para quem executou pautas referentes a fraudes trabalhistas e também para a melhor reportagem produzida que passou pela primeira etapa do concurso.
As inscrições vão até as 18h do dia 6 de maio e podem ser realizadas através do site oficial do Prêmio MPT 2016. O único pré-requisito necessário é que as reportagens tenham sido publicadas entre 2 de maio de 2015 e 6 de maio de 2016. As avaliações dos trabalhos das etapas regionais serão realizadas entre os meses de junho e julho e, da parte nacional, no mês de agosto. A cerimônia de premiação ocorrerá em setembro.