quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Não é só a economia do país que passa por percalços

Curso de Ciências Econômicas da UFMT tem boas condições estruturais, mas enfrenta problemas no seu andamento

ANDRÉ FAUST
CARLOS HENRIQUE

Instituído em 1965 e confirmado em decreto no ano de 1971, o curso de Economia – nomeado como Ciências Econômicas - da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT] passou por alterações estruturais no ano de 2012. O novo prédio, que é dedicado também a matérias do curso de Ciências Contábeis, conta com equipamentos novos – como cadeiras, data-show e quadros -, e têm deixado os alunos e professores satisfeitos, contrariando, inclusive, a recorrente reclamação de discentes de outros cursos da universidade. Porém, para os futuros economistas, os problemas são outros.

Rayanne Morais Fonseca é estudante do 6º período. Seu ensino médio, em Pontes e Lacerda, foi acompanhado de um curso técnico em Administração, e uma de suas matérias favoritas foi justamente a de Economia, o que guiou sua escolha.


Ela diz que não se arrepende da opção. Acha que os problemas com equipamentos eletrônicos e, eventualmente, com o comportamento de um ou outro professor são “deficiências do dia-a-dia”. Sua única reclamação constante é em relação à didática de alguns professores: “É muito aquele negócio de só sala de aula”, mas admite que alguns professores saem desse padrão.


Quanto às suas expectativas de quando entrou, Rayanne está satisfeita, mas comentou que alguns colegas reclamam de que esperavam mais, apesar de não conseguirem apontar exatamente o quê. Quando se formar, ela ainda não sabe exatamente em que carreira investir, mas acredita que um mestrado em relações internacionais é o primeiro passo.



Entre os problemas apontados, o professor Max Murtinho - mestre em Economia Regional pela UFMT - relata que alguns alunos de Economia chegam ao último ano do curso sem saber, exatamente, em que área podem aplicar seu conhecimento adquirido. Falando sobre as perspectivas de um profissional formado nessa área, o professor afirma que “nós [economistas] temos dentro da profissão uma falta de identidade”. Ele explica que alguns empregos que deveriam ser ocupados por economistas são exercidos, atualmente, por contadores, administradores e engenheiros “que não têm medo de cálculo”. Max conta que o curso tem um perfil de ser procurado por pessoas que “não sabem o que querem fazer”, e que, por isso, a taxa de evasão acaba sendo alta. O docente afirmou, ainda, que apesar de tudo isso, o principal problema dos estudantes é a base: “Alguns alunos brasileiros são fracos em leitura”.    

Quadro de professores da Economia
[Foto: André Faust]
Para aprofundar o assunto, conversamos com as alunas do mestrado de Economia, Rosana, Dayanne e Meire. As duas últimas, formadas em Economia pela UFMT, reforçam boa parte dos pontos apontados anteriormente, mas vão além no momento de apontar a culpa. Primeiramente, falam que o próprio sistema de ensino no Brasil está errado, que alunos chegam à faculdade sem saber ler e escrever, nem as quatro operações básicas. E concordam que, mais do que o estudante, o professor tem papel importante em incentivar os alunos, dar exemplo até em valores básicos, como pontualidade em sala de aula.

Alunas do mestrado em Economia
[Foto: André Faust]

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