terça-feira, 19 de agosto de 2014

Candidatos religiosos impedem o debate sobre ampliação de direitos em períodos eleitorais

Odair de Morais e Sérvulo Neuberger

O pastor Marco Feliciano, do Partido Socialista Cristão (PSC), é novamente candidato à Câmara dos Deputados. (Foto: Givaldo Barbosa/Extra)

O aumento do número de candidatos pastores é gritante. Em relação à eleição ocorrida em 2010, o número de pastores que se candidataram aumentou 70%. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 276 candidatos inseriram o termo pastor à sua identificação na disputa a deputado estadual ou federal, na campanha política deste ano.

Outra marca no país onde os fiéis representam 22% da população, de acordo com o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): o Pastor Everaldo, do Partido Socialista Cristão (PSC), é o primeiro candidato à Presidência da República a acrescentar o vocábulo “pastor” ao nome. Conforme dados divulgados pelo Ibope dias antes da morte de Eduardo Campos (PSB), ocorrida na semana passada (dia 13), o líder da Igreja Assembleia de Deus figurava na quarta colocação na disputa presidencial com 3% das intenções de voto (com e sem Campos).


Na disputa presidencial, a tendência é que os candidatos busquem não desagradar os evangélicos no primeiro turno. Assim, o debate sobre temas polêmicos, como o direito ao aborto ou a união homoafetiva, deixam de ser abordados pelos candidatos à Presidência da República que aparecem nas pesquisas com número mais expressivo de votos. Em Mato Grosso, os candidatos ao Governo do Estado creem na conquista do voto dos evangélicos

A Psicologia Social explica que os indivíduos são socialmente influenciáveis. Sendo assim, a concepção humana de mundo está vinculada à linguagem e aos valores assimilados. Para o acadêmico do 4º ano do curso de Psicologia, Hugo Perez, "por mais que não estejam declarados, os valores religiosos têm implicações na vida política do candidato”.

Íntegra da entrevista

Maria Helena Góes Campelo atualmente ocupa o cargo de Chefe do Departamento do curso de Serviço Social. Como Campelo é professora da disciplina de Ética no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), fizemos a ela o seguinte questionamento: “Quando um religioso se candidata e traz para o campo político os seus valores morais, ele consegue fazer a distinção entre moral e ética ou ele simplesmente chama de ética aquilo que na verdade não passa de seus valores morais?”


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